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13 de dez. de 2010

QUASE, QUASE, POR UM TRIZ


“Por pouco me persuades a me fazer cristão” (At 26.28) Jesus falava a grandes multidões. Enquanto ele fazia milagres e multiplicava pães, não sobrava lugar. Mas quando começou a mostrar o caminho da cruz e das dificuldades de uma vida de fé num mundo sem Deus, foram embora. A moderna definição de ateísmo não é mais a negação do Divino. Poucos negam a existência de Deus. Pessoalmente não conheço ninguém que o faça. Na verdade, hoje Ele é visto como um Ser fraco, não relevante no cotidiano, e que vive “preso” a um lugar sagrado chamado igreja, capela, salão, sinagoga ou catedral. Nessas condições de não-interferência na vida, Ele não é rejeitado, e até mesmo o procuram em duas ocasiões: já viu alguém recusar uma cerimônia de casamento para si ou o negar o batismo para os seus filhos?Não é que as pessoas não querem Deus, elas querem um que não faça muitas exigências, um Deus mais “light”, vamos dizer assim. Quando Paulo esteve preso, o rei Agripa manifestou grande interesse em conhecê-lo. Após ouvir de Paulo uma longa explanação das virtudes de uma vida de fé, o rei se dirigiu a ele e disse: “Rapaz, por pouco me persuades a me tornar cristão” (At 26.28).Conheço muita gente boa, honesta, inteligente, que traria grande contribuição para o Reino de Deus, mas que também “trava” diante do Mestre. Não vai. Jesus, para eles, é um personagem histórico bom e admirável. Só isso. Quais são os mecanismos que contam para defender-se psicologicamente de uma real conversão? Tenho algumas sugestões:  Primeiro: todo mundo tem alguma coisa mais importante para fazer antes de seguir a Deus. Isso evidencia que não há um correto discernimento das verdadeiras prioridades da vida. Aí vem Jesus e diz que o seu Reino deve ser buscado antes de tudo, e que as demais coisas haveriam de ser completadas. Em outras palavras: a busca do Reino é que dá um sentido a tudo o mais.   Segundo: medo de ceder, de perder o controle sobre a vida, de admitir que estava “errado”, medo de re-começar em outras bases. É próprio da natureza humana resistir a mudanças intimas profundas, pois elas ameaçam o nosso senso de identidade  Terceiro: Há um medo de ser confrontado por amigos ou familiares, embora creia “secretamente”, como fizeram Nicodemos e José de Arimatéia, “pelo receio” que tinham de seus pares (Jo 19.38-39). Talvez isso explique porque há tão poucas conversões de artistas e famosos quando estão no auge. É mais fácil vê-los confessando sua fé no ocaso da carreira. Obviamente trata-se de prevenções imaginárias que carecem de fundamento. Deus não rouba a identidade de ninguém, melhora. Deus não tira, acrescenta. Ele não manieta, nem oprime, liberta. A existência de uma realidade espiritual passa despercebida para a maioria das pessoas, e elas ficam somente com o óbvio que os olhos enxergam. Faz-me lembrar a história do sujeito que visitou um hospital psiquiátrico e perguntou ao diretor como ele decidia internar um paciente. O diretor disse que enchia uma banheira de água, e entregava um balde, um copo e uma colher. Em seguida pedia que a esvaziasse, e dependendo da resposta era internado. Suspenda esta leitura um instante e pense na resposta que daria. Creio que tanto o visitante, quanto você, encontrou no “balde” a melhor opção, não é mesmo? Mas basta tirar a tampa do ralo. A vida é assim: existem algumas respostas que estão debaixo do nariz, mas não enxergamos.   A bíblia afirma que o “deus” deste século cegou o entendimento dos incrédulos para que não percebam a realidade de Cristo (2Co 4.4). Há um véu posto sobre os olhos, há uma cegueira coletiva, e o pior cego é aquele que não quer ouvir. É por isso que num mundo secularizado e materialista como o nosso, seguir a Deus é visto como loucura. Por outro lado, vivemos um aparente “boom” de religiosidade que passa a impressão que as pessoas querem mais de Jesus, mais do Espírito. Tremendo engano. A maioria das pessoas que entram nas igrejas vão com a mesma mentalidade de quem se dirige ao shopping para comprar algo que satisfaça um apetite ou desejo (E.Peterson). Elas querem Deus sim, mas apenas de “certa forma”. Resumo da ópera: Deus é aceitável, desde que Ele não interfira nos negócios, nos projetos, na forma de vida, nem venha corrigir ou disciplinar, e que também não imponha goela abaixo um livro com mais de dois mil anos como regra de fé e conduta. No fundo, estão zombando de Deus, embora, obviamente, ninguém admita tal coisa. Tive o prazer de ouvir a canção(*) de uma judia russa radicada nos EUA, chamada Regina Spektor. É uma belíssima letra que diz mais ou menos o seguinte...  Ninguém ri de Deus em um hospital.  Ninguém ri de Deus em uma guerra.  Ninguém está rindo de Deus quando está passando fome, frio ou é muito pobre.  Ninguém ri de Deus quando o médico liga depois de alguns exames de rotina.  Ninguém está rindo de Deus quando ficou muito tarde e o seu filho ainda não voltou da festa. Ninguém ri de Deus quando seu avião começa a tremer incontrolavelmente. Ninguém está rindo de Deus quando vê a pessoa que ama De mãos dadas com alguém.  Ninguém ri de Deus, quando a polícia bate em sua porta  E diz "Temos más notícias, senhor!".  Mas Deus pode ser engraçado em um coquetel, Quando se ouve uma boa piada sobre Ele...  Deus pode ser engraçado Quando lhe é dito que ele lhe dará dinheiro se você ora do jeito certo...  Esta é a mais pura verdade.  


Pr. Daniel Rocha
dadaro@uol.com.br

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